Ana Cláudia Quintana Arantes é uma brilhante médica formada pela Universidade de São Paulo (USP). Muito qualificada como profissional, dedicou-se à área do envelhecimento humano, com foco na geriatria e na gerontologia. "A morte é um dia que vale a pena viver (E um excelente motivo para se buscar um novo olhar)," Rio, set 2019. Há uma outra obra sua que tem a mesma importância: "Pra vida toda valer a pena viver (Pequeno manual para envelhecer com alegria)", 1.ed.Rio de Janeiro, Sextante, 2021.
Na obra "A morte é um dia", Ana Cláudia, já na orelha do livro, revela que a obra trata de um tema tabu, ou seja, sobre os "cuidados paliativos" dedicados às pessoas que estão morrendo. Como dar significado à própria vida para que a morte seja um dia que valha a pena ser vivido. Até o presente não lera nada assim tão direto sobre um tema tão pouco ou quase nada objeto de atenção na literatura atual.
Ana Cláudia nos leva a pensar, de modo diferente, sobre a finitude da vida abordada de um jeito surpreendente. A pergunta é instigante. É possível aceitar que o fim da vida seja apenas o término natural de uma caminhada? Eis uma questão aparentemente simples, mas perturbadora no seu significado. Afinal, o ponto final numa frase é mais do que uma vírgula do envelhecimento humano.
Todos sabemos que a morte não é uma circunstância apenas, mas sim uma mudança radical no roteiro de cada pessoa. Para onde iremos? Será tão somente uma troca de lugar? O aqui para o além? Mas que seria o além? Perguntar importa nesse momento. O desconhecido inquieta quando não perturba radicalmente. Trazer à tona os valores que norteiam a escolha dos objetivos é fundamental. Há quem entenda que a morte é término de caminhada.
Há quem entenda que é somente uma parada no roteiro, rumo ao objetivo final. Em qualquer circunstância, a morte contém perguntas exigindo respostas que nós, mortais, nem sempre as temos satisfatórias.
Omitir-se diante da morte não é razoável, nem prudente, nem recomendável. Dar atenção demasiada perturba inconvenientemente. Que fazer?
O universo humano não dá a devida e necessária importância que a morte, por sua natureza e significado, deveria ter. Há razões para tal atitude: ninguém escolhe a incerteza como opção de vida. A morte é, por excelência, matriz de incertezas.
Os jornais, rádios e tevês oferecem para isso todo seu espaço. Quem se dis- puser a conviver com o conteúdo dos meios de comunicação, nas suas vinte e quatro horas, identificará essa realidade.
Texto: Máximo Trevisan
Advogado e escritor